EUTHYPLOCIIDAE
Campylocia anceps (Eaton, 1883)
Campylocia araca Gonçalves & Salles, 2017
Campylocia burmeisteri (Hagen, 1888)
Campylocia demoulini Gonçalves & Salles, 2017
Campylocia roraimense Gama-Neto & Araujo-Bastos, 2017
Dasyplocia aequatorialis Gonçalves, Pescador & Peters, 2020
Euthyplocia haenschi Ulmer, 1942
Euthyplocia hecuba (Hagen, 1861)
Mesoplocia intermedia Demoulin, 1952
Distribuição e diversidade
Os Euthyplociidae apresentam uma distribuição pantropical, sendo ao todo sete gêneros ocorrendo nas Regiões Neártica, Neotropical, Afrotropical e Oriental (Índia e sudeste da Ásia). Três gêneros estão presentes no Hemisfério Ocidental, sendo que todos ocorrem na América do Sul. Exceto por Mesoplocia Demoulin, 1952, composto por duas espécies e registrado apenas para Equador e Cuba, os dois gêneros restantes são encontrados no Brasil. Campylocia Needham & Murphy, 1924, representado no país por três espécies, e Euthyplocia, representado exclusivamente por E. hecuba (Hagen, 1861).
Sistemática
Euthyplociidae, assim como Behningiidae, Palingeniidae, Ichthybotidae, Ephemeridae e Polymitarcyidae, pertencem a um grupo denominado Fossoriae, integrado por efemerópteros escavadores e, em geral, portadores de colmilhos mandibulares (tusks). Tal grupo encontra-se inserido em um clado bem sustentado de Ephemeroptera denominado Furcatergalia, que além de Fossoriae é composto por Leptophlebiidae, Potamanthidae e Pannota (Ogden et al. 2009).
Diagnose (modificada de Salles 2006, Da-Silva e Salles 2012)
**Ninfas: presença de colmilhos, ou projeções falciformes mandibulares; brânquias II a VII bifurcadas e franjadas e brânquia I não pectinada; colmilhos mandibulares longos, de duas a cinco vezes mais longos que a cabeça, tíbias cilíndricas e brânquias arranjadas lateralmente.
**Adultos: veias MP2 e CuA da asa anterior formando um ângulo quase reto na base; asa anterior triangular, com margem cúbito-anal bem desenvolvida (maior que a metade da margemexterna); asa posterior relativamente grande, aproximadamente ¼ da asa anterior; pernas medianas e posteriores desenvolvidas; filamento terminal tão desenvolvido quanto os cercos.
Habitat e meso-habitat
Encontradas exclusivamente em ambientes lóticos, ocorrendo em áreas de remanso ou protegidas de correnteza forte. Em geral vivem em locais com pedras de tamanho médio a grande e cascalho, onde conseguem, em virtude do corpo achatado e com auxílio dos colmilhos, se esgueirar pelos interstícios do substrato. Com menos freqüência também coletamos ninfas de Campylocia em áreas com deposito de folhiço.
A despeito de serem reptantes, podem nadar relativamente bem, efetuando para tal movimentos ondulatórios com o corpo. Assim que chegam ao substrato, procuram rapidamente abrigo sob as pedras.
Hábitos
De acordo com Edmunds & Waltz (1996) e Cummins et al. (2005), são coletoras-apanhadoras. É provável que as ninfas utilizem a densa fileira de longas cerdas na margem interna dos colmilhos para apanhar as partículas, removendo-as posteriormente com auxílio das pernas, também densamente recobertas por cerdas.
Referências
Cummins K.W., Merrit R.W. and Andrade P., 2005. The use of invertebrate functional groups to characterize ecosystem attributes in selected streams and rivers in southeast Brazil. Studies on Neotropical Fauna and Environment 40 (1), 71 – 90.
Da-Silva, E. R. & F. F. Salles. 2012. Ephemeroptera Hyatt & Arms, 1891, p. 231–244. In: J. A. Rafael, G. A. R. Melo, C. J. B. Carvalho, S. A. Casari & R. Constantino(Eds.). Insetos do Brasil: Diversidade e taxonomia. Ribeirão Preto, Holos, 810 p.
Edmunds G.F., Jr. & Waltz R.D. 1996. Chapter 11. Ephemeroptera. In: Merritt R.W. & Cumins K.W. (eds). An introduction to the aquatic insects of North America. 3rd Edition. Kendall Hunt Publishing Co., Dubuque, Iowa: 126-163.
Ogden T.H. & Gattolliat J.L. & Sartori M. & Staniczek A.H. & Soldan T. & Whiling M.F. 2009. Towards a new paradigm in mayfly phylogeny (Ephemeroptera): conbined analysis of morphological and molecular data. Systematic Entomology 34: 616-634.
Salles, F.F. 2006. A ordem Ephemeroptera no Brasil (Insecta): Taxonomia e diversidade. 313 f. Tese (Doutorado em Entomologia) – Universidade Federal de Viçosa, Viçosa.